Pastel
Era uma sexta-feira, mas poderia ser quarta, o que importava
mesmo era que era dia de feira.
Dia de feira é dia de pastel e caldo de cana.
Ele dispensou o caldo de cana e partiu pra cima de um pastel
especial. Sim, especial como um dia de feira, aqueles enormes, com carne, ovo, presunto,
queijo, outras gordices e uma azeitona.
Sinceramente, nem imaginava o porquê da azeitona. Quase
quebrou o dente ao morder o caroço. Caroço? É, caroço.
O fato é que o pastel vem fumegando e, junto com os recheios, vem um recheio de vapor fervendo que queima sempre o cantinho da boca.
O que importa é que junto com a queimadura vem o sopro de uma boca linda.
Ela se aproxima. Se aproxima tanto que esqueço do que estou
falando e só lembro do beijo.
Ah, o beijo!
Um beijo recheado de sabores e que ferve, mas não só o canto da boca.
Um beijo recheado de sabores e que ferve, mas não só o canto da boca.