NOVA CRÔNICA - Pastel - Eduardo de Sousa

Pastel


Era uma sexta-feira, mas poderia ser quarta, o que importava mesmo era que era dia de feira.

Dia de feira é dia de pastel e caldo de cana.

Ele dispensou o caldo de cana e partiu pra cima de um pastel especial. Sim, especial como um dia de feira, aqueles enormes, com carne, ovo, presunto, queijo, outras gordices e uma azeitona.

Sinceramente, nem imaginava o porquê da azeitona. Quase quebrou o dente ao morder o caroço. Caroço? É, caroço.

O fato é que o pastel vem fumegando e, junto com os recheios, vem um recheio de vapor fervendo que queima sempre o cantinho da boca.

O que importa é que junto com a queimadura vem o sopro de uma boca linda.

Ela se aproxima. Se aproxima tanto que esqueço do que estou falando e só lembro do beijo.


Ah, o beijo!

Um beijo recheado de sabores e que ferve, mas não só o canto da boca.



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