Cuequinha
O moleque, de corpo frágil e ágil, corria sentindo os pingosgrossos da chuva na sua cara.
A água molhava seu corpo, lavava sua alma e encharcava a
única peça de roupa que vestia: uma cuequinha.
Podia tentar explicar e fazer um paralelo com piscina,
cachoeira, rio ou mar, mas banho de chuva é único, e ele
sabia. Corria feliz.
A água na ladeira, de asfalto novo e sarjeta ainda limpa,
fazia uma corredeira que descia com velocidade turbulenta.
Um convite para aventura e diversão.
Sentou ali no meio fio e sentiu a sensação boa da água
batendo forte nas suas costas e levando tudo. Tudo mesmo!
Sua cueca, que escorreu por suas pernas finas, e, com ela,
sua vergonha, pois teria que voltar para casa peladinho.