NOVA CRÔNICA: Perseguição Implacável - Eduardo de Sousa

Perseguição implacável


Era uma segunda-feira, não como outra qualquer, as ruas não estavam tomadas por carros como de costume, até parecia que todas as pessoas estavam de férias.

Ele conduzia seu carro sem preocupação, já que o estresse também estava de férias, pelas ruas e avenidas vazias observando tudo com uma sensação de que as coisas se movimentavam numa lentidão semelhante à de um congestionamento: as árvores que balançavam, as flores que se agarravam e resistiam ao calor intenso, o córrego fedido e não canalizado, os semáforos com suas luzes que variavam morosamente de cor, as nuvens paradas que davam aos prédios uma imobilidade ainda maior.

Seus pensamentos lentos ficaram também confusos, quando ele percebeu pelo espelho retrovisor uma motocicleta se aproximando rapidamente em direção ao seu veículo.

Esse descompasso fez com que seu coração saísse de compasso e quase parasse quando viu o piloto da moto apontar o indicador para o reflexo da sua imagem.

O motorista não teve dúvida e arrancou seu veículo da zona de perigo iminente e atravessou o farol vermelho, agradecendo por não haver nenhum outro carro cruzando seu caminho naquele momento. Pelo espelho lateral ele percebeu a motocicleta diminuindo de tamanho ao ganhar distância.

Continuou nessa marcha rápida, num contraste a toda imobilidade da cidade e, quando pensou em reduzir, ele percebeu que fora alcançado por aquele ser ameaçador sobre duas rodas, que insistia em apontar aquele dedo indicador em sua direção.

A adrenalina gritou em seu corpo, como gritaram os pneus do seu carro quando desviou o caminho e entrou bruscamente numa rua à direita. Seu coração acelerou, no mesmo torque do motor do carro, quando percebeu que ainda estava sendo perseguido de perto.

Aquele dedo indicador estendido parecia tocar seu nariz e isso ele não ia deixar acontecer.

A obra no meio do percurso apareceu tão imprevisível quanto um assalto. Havia caído numa emboscada ao ter que reduzir a velocidade em meio aos bloqueios na pista.

O motociclista que o perseguia o alcançou rapidamente e ele pode vir aquele dedo apontado em sua direção e ouvir a voz grave que saia por entre as brechas do capacete daquele vilão:


- Amigo, sua porta está aberta!

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